
Em dias como esses, que se arrastam e se esvaem na ventania do feriado de finados, vou até 2007, mais precisamente para uma aula de filosofia com um dos melhores professores que já tive.
Ele falava sobre o amor e o encontro.
Sobre como só se ama aquilo que se conhece.
E que ninguém se conhece completamente.
O que se pode perceber e conhecer são características.
E se ninguém se conhece, como se ama o outro?
O ser humano é o único ser capaz de dar errado.
Enquanto humanos podemos errar e cada escolha
(seja ela boa ou ruim, se é que dá para conceituar desta forma uma escolha) vai nos constituindo enquanto humanos.
Ao fazer escolhas eu me determino.
O Ser humano é as suas escolhas, mas as escolhas estão dentro de um determinado contexto.
"Eu sou eu e minhas circunstâncias", já dizia Ortega y Gasset, em 1923.
Quanto mais eu conheço o ser humano mais eu consigo amá-lo, justamente porque ele é humano.
Por isso que se diz que o amor é eterno, pois busca-se no humano amado o que ele é e não o que ele pode vir a ser.
Pergunta que não quer calar: o que estamos buscando nas pessoas e o que devemos buscar?
Ainda mais sabendo que todos nós usamos máscaras, uns mais outros menos, mas todos temos um estoque delas dentro do no armário para cada ocasião que se apresenta.
Se por um lado Sarte dizia que "os outros são meu inferno".
Heidger afirmava que o ser humano é um projeto e que nem mesmo a morte é o fim deste esboço.
Se o meu mundo é o mundo das minhas relações e se o ser humano é um ser de encontro, torna-se óbvio, na teoria, que só consigo me realizar quando isso acontece.
Só me desenvolvo, melhoro ou pioro a medida que eu me relaciono.
Encontrar-se é quando se sai melhor do que quando se chegou.
É justamente por isso que não precisamos de pessoas iguais a nós, já que dentro de uma relação de encontro o valor maior não é o prazer e sim a reciprocidade.