
Nunca simpatizei muito com declarações de amor explícitas.
Sempre fui mais do 'eu te amo' ao pé do ouvido.
Talvez por medo da exposição exagerada.
Ou simplesmente por preferir ações em prol da relação mesmo do que atitudes/expressões ditas no fuvor da paixão.
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Tudo começou em setembro de 2004, quando ela partiu para uma viagem fora do país.
Era a viagem de seus sonhos, durante anos visualizou aqueles meses longe de tudo e de todos.
Ela nunca imaginou que aquela temporada no exterior se tornaria na primeira e na mais louca viagem para o interior de seu próprio mundo.
Sem expectativas nas bagagens, apenas com alguns trocados e um inglês 'yázigiano', lá se foi ela, cantarolando, sem olhar para trás.
Em seu ingênuo pensamento, ela estava apenas indo para um país desconhecido.
Já no primeiro vôo da conexão conheceu um coadjuvante importantíssimo.
Nem passou por sua cabeça que aquela pessoa seria a peça chave ou o elo de ligação entre ela e ele.
Seu insconciente já havia dado vários sinais, mas ela insistia em acreditar que não iria e nem queria se apaixonar.
Duas semanas depois, lá estava ela, olhando para ele, desconcertada e completamente apaixonada!
Ele era o amigo íntimo do moço do vôo, também era o amigo da conhecida dela do colégio, no Brasil, a mesma que havia lhe dado o e-mai dele; era aquele que pegava o mesmo ônibus, que morava perto, que estudara na mesma escola de inglês em Auckland...
As intrigantes e instigantes coincidências, naqueles dias, foram as responsáveis pela sensação de estranheza e pelos constantes questionamentos.
Um convite para um chimarão se tornou num dos momentos mais especiais da vida dela.
Enquanto ele falava, ela servia o mate e tinha devaneios.
Naquela noite, ela não conseguiu dormir enquanto não escreveu em seu caderno de anotações. Fez a catarse e adormeu. Sonhou com ele.
Na verdade, sonhou com a alma dele e dela. Juntas. Entrelaçadas.
Ela acordou sem saber onde estava. Cheia de dúvidas, mas ao mesmo tempo leve, solta, querendo saber se a viagem com os amigos, no final de semana, iria sair mesmo.
Por incrível que pareça a ida dele dependia de chuva. Chuveu.
Foi a primeira de muitas viagens juntos.
A sensação era de que já se conheciam de muitos anos.
Para além das afinidades entre os dois, houve conexão, de almas.
Tudo já estava organizado para que na volta da viagem ele se mudasse de cidade.
Ele foi. Ela ficou.
Foi só o curso de inglês acabar que lá foi ela, atrás dele.
Ficou um final de semana e seguiu para outro destino.
Apesar de apaixonada dizia para si mesma 'essa viagem é minha, não quero mudar o rumo dela por causa dessa paixão'.
Uma semana depois, lá estava ele, atrás dela.
Moraram dois meses juntos, num lugar inesquecível e onde conheceram pessoas muito especiais.
Depois, lá foi ela de novo, para outro destino, sozinha, em busca de si mesma.
Não sabia porque ia, só sabia que tinha que ir.
Descobriu que a solidão por opção é muito mais pesada do que parece.
Mas também descobriu-se.
Um mês depois, lá estava ele, indo resgatá-la e levando-a para a ilha da magia.
Veio o Reveillon. Juntos. Sem muitos fogos. Festa estranha com gente esquisita. O day after foi regado a 'strip pool' e gente maluca, muito maluca.
A partir daí estava selada a viagem a dois.
Foram 4 meses intensos dividindo o mesmo teto, ou melhor, a mesma barraca, o mesmo trailer, o mesmo carro, os mesmos amigos, o mesmo trabalho, as mesmas refeições.
Se conheceram...se estranharam...se amaram...
Eram conhecidos por todos como o casal 'meant to be'.
A 'casa' deles estava sempre cheia de amigos doidos, ávidos por risadas, conselhos e música.
Ela nem sempre entendia a forma dele de demonstrar carinho. Ele desconfiava daquilo tudo. Eram as eternas trocas, fundamentais para o alicerce e a base da relação.
Ele tinha que voltar para o Brasil. Ela ficou. Foi para a cidade grande.
Retomou contatos do início da viagem. Tentou se adaptar sem a presença dele.
Conheceu pessoas muito legais, talvez as mais profundas e interessantes de toda a viagem.
Através dessa distância física estabeleceu-se a confiança entre eles.
Dois meses depois, ela voltou para o Brasil, morrendo de saudades.
No aeroporto, entre vários rostos, lá estava o dele, esperando por ela.
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Desde que esse blog teve início sou estimulada por 'ele' para contar essa história ou de certa forma 'cobrada' para, de alguma forma, mostrar que existe 'ele' em minha vida.
As justificativas sempre foram as mesmas: 'não acho legal expor as nossas coisas', 'quem nos conhece sabe da nossa história' ou 'o blog não tem esse objetivo' e por aí vai.
Hoje, não tenho mais medo da exposição exagerada e nem receios em 'botar a boca no trombone' e gritar bem alto:
EU TE AMO!